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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

As funções sexuais nas lesões medulares



Introdução
A abordagem desse tema geralmente acontece com um profissional que o paciente sente mais afinidade. Tema este que deve ser conhecido pelo profissional da saúde para aconselhar e esclarecer o paciente da forma mais natural possível.


Profissionais da área da saúde precisam ter cuidado para que as pessoas com incapacidade física possam aprender mais sobre si mesmas, não se limitando a informações focais ou generalizadas, quando não errôneas, a respeito de suas incapacidades físicas. A falta de orientação do paciente, muitas vezes deve-se a falta de orientação profissional.


A trajetória da atividade sexual após lesão medular inclui um período de assexualidade, seguido por um período de redescoberta que ocorre durante o tempo de reabilitação. Apesar de ocorrer um período de “luto sexual” é recomendado um período espera e quando sentir-se pronto dar início à reabilitação da vida sexual.


A resposta sexual masculina
A resposta sexual está diretamente relacionada com o nível e a abrangência da lesão. Da mesma maneira que a função vesical e intestinal, as capacidades sexuais são divididas de modo amplo entre lesões de neurônio motor superior (NMS) e lesões de neurônio motor inferior (NMI).


Capacidade erétil
Há dois tipos de ereção: a reflexogênica e a psicogênica. As ereções reflexogênicas ocorrem em resposta a uma estimulação física externa dos genitais ou períneo. É necessário um arco reflexo intacto (mediado por S2, S3 e S4). As ereções psicogênicas ocorrem por meio de atividade cognitiva, como fantasias eróticas. Elas são mediadas pelo córtex cerebral através dos centros medulares toracolombar ou sacral.


Ejaculação
Há uma incidência mais alta de ejaculação em pacientes com lesões de NMI que em com lesões de NMS, entre lesões de nível baixo versus lesões de níveis mais altos, e lesões incompletas em comparação com completas.


Historicamente, poucos pacientes com lesão medular são capazes de gerar filhos. Esse baixo nível de fertilidade está associado com um comprometimento na espermatogênese e uma inabilidade de ejacular. Contudo, evidências recentes sugerem melhora da resposta ejaculatória e uma qualidade mais alta de sêmen por meio de estimulação vibratória. As amostras produzidas são usadas para inseminações intra-uterinas.


Orgasmo
O orgasmo e a ejaculação são dois eventos separados. O orgasmo é um evento cognitivo, psicogênico, enquanto a ejaculação é um evento físico. Existem problemas metodológicos pela falta de critérios para definir orgasmo, e diferenciar orgasmo de ejaculação e uma explicação fisiológica de como se chega ao orgasmo sendo um paciente com lesão medular completa. Atualmente não existem dados acurados disponíveis sobre os efeitos da lesão medular no orgasmo.


A resposta feminina
As respostas sexuais femininas também seguem um padrão relacionado com a localização da lesão. Em pacientes com lesões de NMS, o arco reflexo permanecerá intacto. Portanto, os componentes do despertar sexual (a lubrificação vaginal, engurgitamento dos lábios e ereção do clitóris) ocorrerão por meio de estimulação reflexogênica, porém a resposta psicogênica será perdida como no homem.


Menstruação
O ciclo menstrual é tipicamente interrompido por um período de mais ou menos de um a três meses após a lesão medular. Depois desse período, o fluxo menstrual retorna ao normal.


Fertilidade e gestação
O potencial para concepção permanece preservado. A gestação deve ser rigorosamente planejada pelo alto risco de comprometimento respiratório. Devido a alteração da sensibilidade, o trabalho de parto não será sentido, mas deverá ser percebido. O trabalho de parto pode precipitar o aparecimento da disreflexia autonômica. Tudo isso pode ser minimizado com um internamento hospitalar prematura antes do parto.


As contrações uterinas são controladas por ação hormonal e não são afetadas pela paralisia, mas a ação da musculatura abdominal estará paralisada, o que poderá aumentar o trabalho de parto em caso de parto natural.


Orientações para reabilitação
Nos casos de lesão medular, o intercurso sexual pode não se processar de modo espontâneo, faz-se necessária uma preparação, como esvaziamento da bexiga, adequação de posição, etc. O deficiente físico pode e deve procurar sua satisfação sexual. A ênfase no genitalismo como única forma de expressão e gratificação sexuais pode ser trabalhada na reabilitação, desde que haja interesse e o movimento seja adequado para o cliente, bem como se faz necessário ter profissionais aptos a trabalharem com as questões emergentes.


A importância de conhecer as zonas erógenas potencialmente causadoras de satisfação após a lesão é aconselhada por diversos autores. Estes autores referem que a sexualidade possui outras implicações, conectadas intimamente com especificidades emocionais, que deve ser explorada por uma atividade diversificada. A alteração da sensibilidade perineal pode ser substituída pela exploração e descoberta de novas zonas erógenas.


Não raramente, a dependência física é acompanhada por dependência emocional, levando o indivíduo a afastar-se do processo de busca de sua integridade psíquica que muitas vezes é abalada. Alguns apresentam atitude de negação da realidade, grandes expectativas, etc.


Alguns comportamentos são esperados, como por exemplo: negação da própria deficiência e depressão reativa conseqüente da perda da autoestima, mas podem, com o tempo e devido tratamento, ser substituídos pela aceitação da realidade.


Existem alguns aspectos que passam por um processo de adaptação e estão fortemente relacionados à sexualidade: imagem corporal, auto-estima e identidade sexual. O ajuste sexual desempenha papel importante, justamente por estar interligado com a auto-estima. Podem aparecer também sentimentos de vergonha, medo, considerando alguns que sua deformidade venha a ser motivo de rejeição social e sexual, podendo acarretar em isolamento por parte do portador de lesão medular, contribuindo para dificuldades no ajuste sexual.


Com a instalação da deficiência, muitas vezes se faz necessário ocorrerem novas adaptações no relacionamento sexual que, se não forem discutidas e experimentadas, poderão resultar numa inadequação sexual, o que pode significar um prejuízo para a reabilitação global da pessoa.


A falta de disposição de um paciente para falar sobre sexualidade não significa, necessariamente, falta de interesse, podendo estar ansioso ou temeroso sobre as implicações sexuais acarretadas pela incapacidade física, ou pode ainda não ser o momento adequado para se trabalhar esse aspecto.


Segundo Krusen, a sexualidade é uma questão que faz parte da saúde e bem-estar de um indivíduo. A reabilitação preocupa-se com o paciente integralmente e, portanto, a sexualidade, como função natural, faz parte desse todo. O processo de ajustamento sexual varia de acordo com cada paciente e depende de alguns fatores, incluindo ajustamento psicológico prévio, qualidade do sistema de apoio, idade, sexo, saúde física, sistema de crenças e tipo de lesão.


Conclusão
A obtenção da satisfação sexual por estimulação dos órgãos sexuais por si só não é determinante da satisfação sexual de forma geral, havendo outros fatores que podem interferir positiva ou negativamente nessa busca, compondo um complexo que pode envolver capacidade criativa, capacidade de imaginação, compreensão da parceira, etc.

A relação sexual da pessoa com lesão medular deve ser fundamentada numa visão ampla de sexualidade, não somente no ato sexual em si, mas em atitudes que englobam sensibilidade espiritual, não somente física, entre comportamentos, emoção e amor. Após uma lesão é necessário redescobrir-se, descobrir a si mesmo, a sua nova condição física e extrair a melhor função apesar das limitações impostas pela lesão.

Pessoalmente, aprendi mais sobre sensibilidade com meus pacientes do que jamais poderia ensinar a eles. Não estou me referindo sobre a sensibilidade que é óbvia, a física e que pode ser testada com um mapa dermatométrico. Falo de sensibilidade de verdade, o sentir o mundo com ternura e afeição. Talvez uma pessoa não possa sentir o toque, o abraço e a caricia como antes, mas certamente ela não perdeu o dom da sensibilidade. Existem outras formas de sentir.


Referências
ALVES, A. S. Um estudo sobre a satisfação sexual de pessoas portadoras de lesão medular. Acta Fisiátrica 6(1): 6-9, 1999.
GARRETT, A. Da actividade sexual à sexualidade após uma lesão medular adquirida. Rev. Da Faculdade de Ciências da Saúde. Porto: 2009.
O’ SULLIVAN, S. Avaliação e tratamento. São Paulo: Editora Manole.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Método Klapp para alterações vertebrais.

Rudolph Klapp, pediatra alemão, estudou os animais e observou que os quadrúpedes não apresentavam escoliose, então quis adotar essa posição nos humanos e pediu que todos andassem de "quatro". Observou também os desvios da coluna nos planos frontal e sagital e que na posição bípede os humanos podem apresentar escoliose pela ação da gravidade.
Os seus exercícios se baseiam no : treinamento e fortalecimento da musculatura do tronco na posição de "gatas" e joelhos. As extremidades, coxo-femurais e escápulo-umerais não são imobilizados (mobiliza para atuar na coluna) pelo Fisioterapeuta. São utilizados para amplos movimentos (a coluna fica fixa).

* Princípios básicos :

1) Relaxamento dentro da posição inicial;
2) Sucessão de fases : mobilização, alongamento, fortalecimento, correção (deslocamento dinâmico);
3) Movimento braço-mão precede, em geral, o deslocamento do joelho;
4) Limite do equilíbrio (dentro de uma posição/deslocamento possível);
5) Coxa de sustentação (mais próxima da vertical para manter a retroversão do quadril);
6) Ponta do pé (desliza sobre o chão);
7) Equilíbrio entre a tração cervical e retroversão;
8) Pequenos grupos;
9) Comando de voz (muito importante);
10) As cinturas voltam obrigatoriamente à horizontal.

* Fundamentos da técnica :

1) Movimentos em linha reta;
2) Material para proteger as articulações;
3) Roupas adequadas e que exponham melhor o corpo;
4) Intercalar exercício respiratório e relaxamento;
5) Posição inicial :
* Apoio sobre os joelhos e mãos
* Braços estendidos
* Dedos das mãos para frente
* Mãos apoiadas em distância biacromial
* Cabeça em extensão axial
* Ângulo reto entre coxa e perna
* Ponta dos pés em contato com o solo

* Contra-indicações :

- Limitação de movimento, hiperfrouxidão ligamentar, quadro álgico aumentado, cervicalgia aguda, etc.

* Exercícios :

1º) Engatinhar ou marcha em 4 apoios

- posição inicial : 4 apoios;
- deslocamento feito em marcha cruzada em avanço alternando mão e joelho do lado oposto;
- ao avançar, o joelho deverá estar inteiramente ao lado da mão;
- os joelhos deslizam sem deixar o chão;
- os cotovelos permanecem estendidos;
- a cabeça segue a movimentação lateral do tronco;
- olhar em direção ao joelho avançado;
- o braço impulsionado descreve um semi-círculo com a curva para fora razante ao chão;
- dedos voltados para frente.

2º) Deslizar

- posição inicial : 4 apoios;
- o tronco é inclinado em posição baixa;
- cotovelos estendidos para frente;
- mãos deslizam para frente sobre o solo ficando bem afastadas do tronco;
- as coxas permanecem verticais durante todo o movimento.

3º) Deslizar com movimento de cobra

- Idem "deslizar", só que no deslocamento a marcha é cruzada.

4º)Pulo do coelho

- Posição inicial : 4 apoios;
- Levantar o tronco até a vertical mantendo os braços elevados ficando de joelhos;
- Abaixar o tronco mantendo os cotovelos no mesmo plano e estendidos até tocar as mãos no chão;
- Pular para frente : os joelhos são trazidos para frente por u salto contraindo os músculos abdominais, indo para trás das mãos;
- Voltar à posição inicial com deslizamento simétrico ou não das mãos à frente.

5º) Virar o braço

- posição inicial : 4 apoios;
- com os braços alongados para frente sem apoio dos cotovelos;
- estender um dos braços levando-o para trás e para o alto (mantendo o cotovelo estendido), olhando para ele;
- abaixar o braço;
- olhar para frente;
- realizar o pulo.



6º) Arco grande

- posição inicial : 4 apoios;
- alongar o braço direito diagonal à frente (para a esquerda);
- o joelho esquerdo dá um passo à frente enquanto que o cotovelo esquerdo flete a 90º e fica ao lado do joelho esquerdo;
- estender a perna direita levando a ponta do pé direito para trás da perna esquerda;
- fazer a rotação externa da coxofemural direita;
- o tronco permanece bem inclinado;
- ombros em linha horizontal;
- cabeça erguida olha a mão esquerda;
- levar a mão esquerda para frente;
- a perna estendida (direita) dá um passo;
- o braço direito volta para direção do joelho direito.

7º) Engatinhar perto do chão ou marcha em 4 apoios baixos com mergulho e extensão

- posição inicial : 4 apoios com cotovelos fletidos à 90º, dedos das mãos para frente;
- cabeça erguida;
- "pular" para frente com as mãos;
- um dos joelhos faz um pequeno passo;
- cifose total do tronco que se desloca para trás;
- aproximação do nariz ao joelho avançado;
- estender progressivamente o tronco bem perto do chão.

8º) Grande curva

- posição inicial : 4 apoios;
- levar com um impulso para trás e cima o braço direito até a posição vertical;
- manter a palma da mão direita voltada para dentro;
- dar um passo à diante com o joelho esquerdo indo até a mão esquerda;
- neste momento, a mão esquerda fica apoiada sobre os dedos;
- a cabeça vira para mão que está no chão;
- fletir o cotovelo esquerdo;
- descer o braço direito para o lado esquerdo mantendo o cotovelo estendido;
- o braço direito volta para o lado direito numa meia volta sem levar junto o tronco.

9º) Marcha em 4 apoios com lançamento do braço à frente e extensão da perna

- posição inicial : 4 apoios;
- passo com o joelho esquerdo junto à mão esquerda;
- braço direito é estendido ao longo do tronco mantendo a palma da mão para fora;
- com um impulso, levar o braço direito para frente e estender simultaneamente a perna direita;
- a cabeça para a mão que está no chão.

10º) Andar de joelhos com extensão

- posição inicial : ajoelha com braços abertos horizontalmente;
- flexionar o tronco até a posição horizontal;
- um dos joelhos dá o passo;
- braços são lançados para frente ao longo da cabeça e do tronco;
- "mergulhar" o tronco ( a cabeça vai em direção ao joelho avançado) estendendo simultaneamente os braços;
- voltar a posição inicial.



Copyright © 2001 - World Gate Brasil Ltda.
Fonte: www.wgate.com.br/fisioweb
Escrito pela acadêmica: Michelle de Souza Ferreira
orientado por: Blair José Rosa Filho

Se interessou pelo assunto? Segue abaixo um artigo que relata resultados pós uso do Klapp.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Exercicios e artrose de joelho - ligando evidência e prática

A revista Physical Therapy iniciou em janeiro de 2010 uma série de artigos que investiga temas de reabilitação baseando suas discussões e conclusões em evidências científicas. Esta proposta chama-se Linking Evidence and Practice , o que pode ser traduzido como Ligando Evidência e Prática. Esta é a tradução livre do segundo artigo, o qual tenta responder a uma questão bastante simples: Exercícios podem ajudar um paciente com artrose moderada bilateral de joelhos?


INTRODUÇÃO
A osteoartrose, ou simplesmente artrose é uma das principais causas de deficiência, particularmente na população idosa. A dor e a limitação funcional são as principais queixas dos pacientes. Diretrizes internacionais recomendam o tratamento conservador como conduta inicial, incluindo uso de medicamentos, exercícios, orientações e perda de peso. Neste contexto, os exercícios são utilizados para tratar problemas específicos como a redução da amplitude de movimento, limitação de atividades, e adiminuição da força muscular e do condicionamento aeróbico.

Leve uma lição para casa
Fransen e McConnell realizaram uma revisão sistemática Cochrane para avaliar os benefícios do exercício na osteoartrose de joelho considerando 2 critérios básicos: dor e função física (Tab. 1). Nesta revisão, foram incluídos 32 ensaios clínicos quase-randomizados controlados que comparam os exercícios a uma intervenção sem exercícios. Os resultados mostraram pequeno benefício dos exercícios na redução da dor e na melhora da função física. Pelo fato dos estudos variarem enormemente na modalidade e dosagem de exercícios, não foi possível sugerir uma estratégia de exercícios ótima. Entretanto, pode-se afirmar que a maioria dos estudos ofereceu um programa baseado no fortalecimento, com ou sem exercícios de amplitude de movimento ou aeróbicos. Observou-se que o fortalecimento muscular dos membros inferiores, os exercícios aeróbicos, ou uma combinação dos dois parecia ser igualmente eficaz para a melhoria da dor e função física.




Tabela 1- Exercício para a osteoartrose do joelho: Resultados da Cochrane Review
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- 32 Ensaios clínicos controlados, randomizados e quasi-randomizados foram incluídos, 3.616 participantes forneceram dados referentes a dor e 3.719 participantes para a função física auto-relatada.
- Os participantes destes estudos preencheram os critérios diagnósticos de artrose de joelho estabelecidos pelo American College of Rheumatology ou relataram dor em joelho e foram recrutados na comunidade ou em clínicas de ortopedia, reumatologia e fisioterapia.
- Os estudos compararam exercícios com qualquer outra intervenção que não envolvesse exercícios (mais comumente: sem tratamento/ fila de espera ou programas de orientações). Os programas de exercícios variaram bastante em relação à execução (individual VS em grupo), tipo de exercícios e intensidade. 20 estudos incluíram exercícios de fortalecimento, e 9 incluíram exercícios aeróbicos em seus programas de exercícios.
- Somente os dados da avaliação mais imediata após o período de tratamento foram relatados. Em geral, os exercícios proporcionaram pequeno benefício em reduzir a dor e melhorar a função física
Dor:
Houve um benefício pequeno, porém estatisticamente significativo a favor dos exercício (Média da diferença = 0,40, intervalo de confiança 95% = O,30 - 0,50). A escala mais comum para mensuração da dor foi a sub escala de dor do Western Ontario e McMaster Universities Osteoartrite Index (WOMAC) (15 estudos), seguido pela escala visual analógica (9 estudos).
Função física auto-declarada
- Houve um pequeno e benefícios estatisticamente significativos para o exercício (media da diferença = 0,37, intervalo de confiança de 95% = 0,25-0,49). A mensuração da função física foi feita mais freqüentemente utilizando a sub escala função física do WOMAC (17 estudos)." De um modo geral, o tipo, intensidade e dosagem dos exercícios não influenciaram os resultados, exceto que um maior número de sessões de contacto entre fisioterapeutas e pacientes aumentou o efeito do tratamento.
- Estudos com desenhos mais rigorosos (por exemplo, estudos cegos, com amostra maior) produziram efeitos menores, embora ainda estatisticamente significativos
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Esta revisão tinha algumas limitações: Somente estudos em inglês foram incluídos, e apenas os resultados de curto prazo foram analisados (sem follow up). Ensaios clínicos randomizados, publicados desde a revisão Cochrane de 2008 encontraram efeitos benéficos similares a favor dos exercícios. Entretanto, uma revisão sistemática que investigou os benefícios a longo prazo mostrou que o exercício não tem um efeito significativo na dor ou na função física após 6 meses (isto é: os pacientes do estudo só praticaram exercícios durante o período de estudos, sendo reavaliados 6 meses após interromper as atividades), salvo quando sessões extra de exercícios foram aplicadas (ou seja, retornou ou manteve os exercícios após o término da pesquisa)



Exercícios podem ajudar este paciente?
Sr. S é um homem de 55 anos, com história de dor bilateral em joelhos nos últimos 3 anos, de caráter progressivo, sendo pior à esquerda. Ele informou que nos últimos 3 meses estava trabalhando em tempo integral, sentado em uma mesa na maior parte do dia (trabalho sedentário), seu peso aumentou 10 kg e seus sintomas pioraram significativamente. O Sr. S relatou a dor em joelho esquerdo como sendo 6 de 10 na escala visual analógica (Tab. 2), ele estava usando uma bengala para caminhar e tinha sintomas à noite, rigidez matinal que se resolvia após cerca de 15 minutos, e sintomas que se pioravam ao longo do dia .

Sua dor era agravada por andar mais de 15 minutos, ao subir ladeiras e também por longos períodos sentado. O Sr. S encontrou alívio usando uma bengala, movendo seus joelhos quando sentado, e tomando em doses regulares de um medicamento anti-inflamatórios não esteróides e paracetamol, As radiografias mostraram uma diminuição do espaço articular na região medial do joelho, com formação de osteofitos. Em geral, sua apresentação foi consistente com artrose moderada.

O Sr. S informou que tinha ligeira dificuldade em realizar suas atividades diárias. Na escala funcional paciente-específica (Patient-Specific Functional Scale ), que vai de 0 a 10, onde uma pontuação de 0 indica "incapaz de realizar a atividade" e 10 "capaz de realizar a atividade no mesmo nível que antes", ele identificou três atividades que ele tinha dificuldades: caminhar em uma superfície plana, subir ladeiras, e permanecer sentado (Tab. 2). O Sr. S não tinham limitações na ADM do joelho, porém relatava dor ao final do arco de flexão do joelho esquerdo. A extensão do joelho foi ligeiramente mais fraca do lado esquerdo. Ele também tinha encurtamento muscular na panturrilha e isquiotibiais, mais evidentes à esquerda.

Como os resultados da revisão sistemática Cochrane se aplicam ao Sr. S?
Os exercícios são recomendado como parte dos cuidados iniciais para a artrose, e os resultados da revisão Cochrane apóiam a utilização de exercícios. O próprio Sr. S afirmou que não tinha rotina regular de exercícios, e que seu objetivo era adotar um regime de exercícios adequados que pudessem ajudá-lo a melhorar sua habilidade de andar e diminuir sua dor.

O Sr. S começou um programa de exercícios que incluíram fortalecimento de quadríceps e glúteos e alongamento dos músculos da panturrilha e isquiotibiais. A dosagem para o fortalecimento e alongamento foi baseada nos achados do exame físico, e os exercícios foram progredidos para exercícios funcionais com aumento da resistência, conforme ele melhorava. Estes exercícios incluíram exercícios de sentar e levantar, exercícios no step com ênfase no bom alinhamento dos membros inferiores, e exercícios de resistência para o músculo glúteo médio na posição em pé com um Thera-Band azul.* Após quatro semanas, ele foi capaz de iniciar um programa de caminhada, começando com 20 minutos em dias alternados, e progredindo 5 minutos caso não houvesse piora dos sintomas, até o momento que pudesse tolerar confortavelmente 45 minutos, ele também conseguiu uma bicicleta estacionária emprestada e foi incentivado a usá-lo por no máximo 20 minutos, 3 vezes por semana. Ao longo deste período, o Sr. S recebeu informações sobre a osteoartrose e a importância dos exercícios e da perda de peso.

Quão bem os resultados da intervenção prevista para o Sr. S coincidem com aqueles sugeridos na revisão sistemática?
Após oito semanas de fortalecimento, alongamento, caminhada e exercícios de bicicleta, o Sr S relatou uma diminuição na sua dor. Sua função física melhorou. A diminuição da dor na escala analógica visual e a melhora na função física na Escala Funcional Paciente-Específica foram maiores do que a diferença mínima clinicamente significativa para cada escala (Tab. 2). O Sr. S relatou que agora ele era capaz de caminhar por quase uma hora antes de precisar descansar e raramente precisava usar a bengala.

Você pode aplicar os resultados da revisão sistemática Cochrane aos seus próprios pacientes?
Os achados da revisão Cochrane aplicam-se bem ao Sr.S. Ele tinha déficits específicos que poderiam ser resolvidos com exercícios, além disso, ele estava entusiasmado por um programa de exercícios para melhorar a sua condição. Como uma pessoa de meia idade cujos sintomas eram moderados, porém agravados pelo estilo de vida (o sedentarismo e aumento do peso), o Sr. S é um paciente típico com osteoartrose. Portanto, os benefícios de exercício podem ser esperados de pacientes que seguem um programa de exercícios. A revisão Cochrane mostra que as variações do tipo de exercício, do conteúdo e dosagem não influenciam os resultados, o que significa que os fisioterapeutas podem adaptar os exercícios para o paciente individualmente (por exemplo, programas de exercícios domiciliares Vs academia de ginástica, exercícios de fortalecimento versus exercícios aeróbios vs tai chi).

O que pode ser recomendado com base nos resultados desta revisão sistemática?
Pacientes com osteoartrose de joelho muitas vezes experimentam dor e problemas em atividades que envolvem o membro inferior ou posturas prolongadas (por exemplo, sentar-se), bem como a rigidez após uma noite de sono. Exercício podem ajudar estes déficits específicos. A osteoartrose de joelho é também uma condição potencialmente deteriorizante e sem tratamento curativo. Portanto, os pacientes com osteoartrose de joelho podem se beneficiar de exercício no manuseio desta desta condição a longo prazo. É papel do fisioterapeuta prescrever exercícios adequados aos objetivos do paciente, estilo de vida e estado geral de saúde, além de garantir que o programa de exercícios seja progressivo e desafiante. Os benefícios dependem da adesão do paciente ao programa de exercícios. Até o momento, evidências mostram que, embora o exercício sejam benéficos a curto prazo na redução da dor e melhorando a função física, estes benefícios podem não persistir no longo prazo. Portanto, estratégias para aumentar a adesão a longo prazo para o exercício, como a adição de sessões de reforço, podem ser necessários para maximizar os benefícios do exercício para pessoas com artrose do joelho.
acesse o artigo original aqui

Fonte: oguiadofisioterapeuta
Postado por Humberto Neto.